Bem Viver

A Convivência com o Semiárido, portanto, significa a construção do Bem Viver no Semiárido Brasileiro, ou seja, à construção de comunidades rurais felizes com modos de vida sustentáveis na região. O Bem Viver é uma oportunidade para construir outra sociedade, sustentada em uma convivência cidadã, em diversidade e harmonia com a Natureza, a partir do conhecimento dos diversos povos culturais existentes no país e no mundo (Acosta, 2016). O Bem Viver não é um simples conceito. É uma vivência.

Uma experiência concreta no Semiárido Brasileiro de Bem Viver, além da Convivência com o Semiárido, são os Fundos de Pastos, além de mais enraizada na simbiose cultural indígena e afro-americana, em resistência aos modelos agropecuários trazidos pelos Portugueses. É uma prática emergente no meio do “mundo” perturbado da chamada “modernidade” em constantes processos de conflitos, mostrando resistência e vitalidade, onde a defesa da Terra e do Território são elementos centrais desse movimento no Estado da Bahia, consequentemente do paradigma e projeto político de Convivência com o Semiárido.

Foto: William França (@imburanatec)

A compreensão de que o Bem Viver enquanto filosofia de comunidades e territórios e práticas sustentáveis, transita em toda essa produção científica, sendo caracterizada como algo não institucionalizado, formalizado e verticalizado. Nesse sentido, a Convivência com o Semiárido Brasileiro se traduz numa prática política de Bem Viver, onde a vida está no centro da existência humana e planetária, e se materializa numa perspectiva socialista de sociedade.

A Convivência com o Semiárido propõe uma nova forma, através do Bem Viver no âmbito local, regional e sustentável, considerando e respeitando elementos da cultura, valores e conhecimentos tão presentes na vida do povo dessa região. Esse conjunto de propostas considera ainda, a natureza e as manifestações climáticas e geoambientais como determinantes na concepção do Bem Viver e dos modos de vidas sustentáveis, que aos poucos vem trazendo relevantes resultados nos modos de vidas e produção das populações do Semiárido.

O conceito de “Bem Viver” tem ganhado destaque nos últimos anos como uma alternativa ao modelo de desenvolvimento baseado no crescimento econômico ilimitado. A ideia é de que o bem-estar humano está intrinsecamente ligado ao bem-estar da natureza e das comunidades, e que a vida em sociedade deve ser baseada na cooperação, na solidariedade e no respeito às diferenças.

A Convivência com o Semiárido não se trata apenas de uma técnica ou de uma tecnologia, mas de uma filosofia de vida que busca a harmonia entre as pessoas e entre estas e o ambiente em que vivem. Isso implica em aprender a conviver com as adversidades do clima e a utilizar os recursos disponíveis de forma inteligente e responsável, evitando o desperdício e promovendo a sustentabilidade.

Além disso, a Convivência com o Semiárido também se baseia na valorização da diversidade cultural e na construção de relações de confiança e solidariedade entre as comunidades. Isso inclui a promoção de redes de cooperação e a valorização da participação popular nas decisões que afetam a vida das pessoas.

Ao adotar a Convivência com o Semiárido como filosofia de vida, as comunidades podem alcançar uma série de benefícios, tais como: segurança alimentar e nutricional, melhoria da qualidade de vida, valorização da cultura local, conservação do meio ambiente, promoção da justiça social e redução da vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Portanto, o Bem Viver através da Convivência com o Semiárido é uma alternativa viável e sustentável para as comunidades que habitam essa região. Para isso, é preciso investir em políticas públicas que valorizem o conhecimento local, promovam a participação popular e incentivem práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais.

Para garantir o Bem Viver no Semiárido, é fundamental adotar uma abordagem de convivência com a região, que valorize o conhecimento local e as práticas sustentáveis. Essa abordagem inclui técnicas de conservação do solo, manejo da água, produção agroecológica, energias renováveis, turismo sustentável e outras práticas que respeitem a diversidade socioambiental da região.